
Jornalistas de Marca: As empresas estão em busca desses profissionais para trabalharem seu conteúdo, mas, estranhamente, jornalistas e escritores não estão preparados para essa possibilidade…
Um dos conteúdos que basearam esta série, o da Newscred, empresa inglesa (A ascensão dos jornalistas de marca no Reino Unido), ajuda a entender porque a demanda por jornalistas e escritores cresceu.
Eles fizeram uma pesquisa com 100 pessoas, 50 profissionais de marketing de conteúdo e 50 jornalistas de marca, que trabalham nas mais diversas indústrias no Reino Unido. Alguns números são bastante emblemáticos. Vale muito a pena ler o estudo inteiro (em inglês).
Uma percepção imediata é que, enquanto as mídias tradicionais estão perdendo e demitindo profissionais do conteúdo, as empresas estão contratando jornalistas de marca.
Separei esse e alguns outros números bastante interessantes a fim de embasar esta análise. Complemento a análise com minha opinião (sem negrito), e concluo com alguns insights:
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32% dos profissionais de marketing e 41% dos jornalistas de marca consideram a criatividade um valor profissional essencial.
Criatividade alta e conteúdo raso não funciona, assim como com conteúdo que não engaje também não. Para mim o importante é o equilíbrio.
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54% das empresas que trabalham conteúdo in-house têm um CCO.
É imprescindível ter uma pessoa para cuidar da qualidade, do tom de voz, da pauta, da forma e tudo mais que qualifica o conteúdo produzido.
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63% dos CCOs acham difícil contratar conteudistas.
Discuto isso no último tópico.
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51% dos jornalistas de marca estão tão satisfeitos com seu trabalho atual quanto estavam trabalhando no jornalismo tradicional.
Jornalismo de marca e marketing de conteúdo são possibilidades muito mais próximas e interessantes que os jornalistas e escritores pensam. A desinformação é certamente o maior motivo disso. Estar por aqui já mostra que você percebe esses trabalhos como opções naturais.
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Os profissionais do marketing trabalham com um mix de conteudistas internos e de agências de criação de conteúdo.
Dependendo do tamanho da equipe, pode ficar inviável para ela produzir a quantidade necessária de conteúdo e atividades correlacionadas, como: respostas de comentários, e-mails e perguntas; interações nas redes sociais, imagens, fotos e tudo mais.
Não é pouco trabalho, assim, pode ser necessário ter apoio externo de prestadores de serviço. -
73% dos jornalistas de marca acreditam que os orçamentos para sua área irão aumentar.
Essa é, certamente, uma tendência mundial. Um bom exemplo é a Red Bull. Sua agência de produção de conteúdo é uma das maiores do mundo. O conteúdo é o que move a gigante de bebidas energéticas.
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84% do profissionais de Marketing de Conteúdo acreditam que a indústria criará métricas claras para avaliar o retorno do investimento com marketing de conteúdo nos próximos anos.
As métricas digitais já disponíveis provêm 90% dos números necessários para essa análise. Por isso, creio que seja mais uma questão de estabelecer melhores critérios de análise que se ter acesso a mais números.
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75% dos jornalistas de marca acreditam que essa opção será a principal possibilidade de carreira no Jornalismo em breve.
😊 Tomara… Estou fazendo a minha parte…
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Metade dos profissionais do marketing diz que investirão mais em conteúdo este ano.
😊 Tomara… Eu posso afirmar (e mostrar) que funciona…
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Para os profissionais de marketing as repercussão nas mídias sociais é o fator mais importante da produção de conteúdo e para os jornalistas de marca as visualizações e compartilhamentos.
Na última análise aprofundo o que considero ser um erro de percepção na importância das redes sociais, supervalorizadas muitas vezes em detrimento do próprio site da empresa (marca).
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Em média, as equipes internas de conteúdo das empresas têm 4 pessoas.
Normalmente contrata-se um jornalista experiente para cuidar da comunicação. Uma pessoa com experiência para criar o calendário de temas, o padrão de linguagem, a consistência, o método. Os 3 profissionais restantes variam de acordo com a cultura da empresa.
Eu considero que é importante ter uma pessoa para cuidar da comunicação visual, já que conteúdo não é só texto. Um bom fotógrafo, com experiência em manipulação de imagens e boas noções de design é profissional-chave na comunicação corporativa.
Completando o time, 2 pessoas para escrever, responder contatos, conversar no site e nas redes sociais e manter as discussões em alta e em bom nível.
Sempre há, nas marcas que trabalham conteúdo de forma profissional, um cargo de chefia para cuidar da área, chegando a cargos de direção (CCO), entretanto, o nível gerencial é o mais comum.
- Por que há poucos cargos de direção para jornalistas de marca? Eu considero que isso ocorre, principalmente, pelo desejo de contratar jovens. Marcas e profissionais quando migram para o digital dão uma importância (exacerbada e injustificada), às reações das mídias sociais. Assim, consideram que jovens têm perfil mais adequado.
Isso é explicado por 3 possibilidades:
. Associação ao modelo de publicidade que durante décadas intermediaram o contato entre o cliente e a marca. É o que marcas e profissionais tradicionais do conteúdo conhecem;
. A percepção é a de que jovens têm maior facilidade de entender o funcionamento das redes sociais e podem, assim, trabalhá-las de forma mais apropriada.
. Pode-se pagar menos para jovens, afinal, eles estão começando…
Conclusão
Se você tentar criar um ambiente de jornal dentro de uma empresa que o contratou para trabalhar com marketing digital, marketing de conteúdo ou com jornalismo de marca, certamente, isso será o princípio do fim.
É certamente importante entender as diferenças e as peculiaridades dos trabalhos digital e com marcas, para se adaptar, e não tentar adaptar a empresa para uma volta aos “bons tempos”.
No último tópico, metade dos profissionais que responderam a pesquisa não souberam justificar porque não há mais ocupantes de cargos executivos. As respostas mencionam, principalmente, a falta do entendimento da relação entre conteúdo, marketing e objetivos corporativos por parte dos jornalistas de marca como impeditivo. Isso, ganha até da interferência da empresa.
Outra parte porque considera que o trabalho com conteúdo ainda está em fase de experimentação. Assim, fica claro que falta entendimento do trabalho por quem o desempenha e quem o gerencia.
É preciso entender que o Instagram, Facebook, Youtube e todas as redes sociais é que são “donos” dos seus seguidores naqueles canais. Por outro lado, o site é a casa da marca e é lá que as conversações devem acontecer. A simples menção a esse entendimento pode fazer a diferença num processo de seleção…
São muitas a diferenças, assim elas têm que ser compreendidas e trabalhadas, a fim de se tornaram possibilidades interessantes.
Como jornalistas e escritores tradicionais encaram essas novas possibilidades?
As objeções dos profissionais jornalistas e escritores são muitas. Conteudistas mais experientes podem até não querer, mas podem precisar se adaptar às novas possibilidades para progredirem em suas carreiras.
Em resumo, os números e exemplos confirmam que o trabalho com marketing de conteúdo e jornalismo para marcas são uma realidade para profissionais jornalistas e escritores, e a tendência é de muito crescimento.
As empresas já perceberam isso. Vamos ver, agora, como os jornalistas e escritores encaram o trabalho de marketing de conteúdo e como jornalistas de marca? Siga para a próxima parte.
MD 17842