Ser Empreendedor e Ser Empresário. Qual a Diferença?

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Afinal qual a diferença entre ser empreendedor e ser empresário? Uma boa forma de entender o que é empreendedorismo é diferenciá-lo de outros perfis de negócios.

Corro o risco de estar romantizando o tema, mas o que vejo no mundo do empreendedorismo, no meu círculo de alunos e amizades indica diferenças sensíveis. Ser empreendedor e ser empresário não são a mesma coisa.

O termo empreendedorismo virou moda, principalmente nas mídias tradicionais, que não são exatamente o local mais indicado para se aprender sobre negócios. Acho que deturpam o significado de empreender e põem tudo no mesmo saco. Aceito que ter espírito empreendedor é necessário para todos os esforços de negócios, mas as semelhanças ficam por aí.

Esclareço, também, que lido com empreendedores digitais, mais especificamente com o que chamamos de infoprodutores, empreendedores que lidam com o comércio de conhecimento. É deste tipo de empreendedor que falo aqui, ok?

Primeiramente, os perfis de empresários e empreendedores não são iguais.

Abrir uma franquia não é empreender

Ser um franqueado de uma rede de lojas de brigadeiro é ser empresário, fazer brigadeiro em casa para vender é ser empreendedor. Ambos os negócios visam ao lucro, geram renda, mas a forma, a decisão e a forma de fazer são diferentes.

As mais importantes diferenças estão originalidade e no caminho. Quando você faz um brigadeiro, você segue sua receita, pensa em qual vai ser sua forma de apresentar o produto, decide onde serão seus principais pontos de venda e parte para a luta.

O franqueado segue uma cartilha rígida de ações e formatos, sem muita flexibilidade para toques pessoais ou originais. Você pode até buscar formas de aprimorar processos, mas, se sair muito do roteiro, poderá ser chamado de volta ao script original.

Assim, o empreendedor procura desenvolver seu próprio modus operandi, ao passo que o empresário segue modelos testados, aprovados e menos flexíveis.

Analisando as diferenças por este enfoque:

Empreender implica em dar o seu toque a uma ideia, mesmo que essa ideia não seja originalmente sua.

Entretanto, a sua forma de se apresentar ao mercado é própria, intuitiva e pouco convencional. E o caminho do empreendedor é criado durante a caminhada.

Abrir uma startup não é necessariamente empreender

Os perfis de quem cria uma startup e do empreendedor também diferem.

Aqui, ainda mais romanticamente que o tópico anterior, a diferença maior fica no propósito. Startups nascem com o propósito de desaparecerem da sua vista. Você monta um negócio, até mesmo a partir de uma ideia ou formato original, mas a intenção é virar um unicórnio.

Na linguagem das startups, unicórnios são empresas com potencial de crescimento muito rápido, que se tornam objeto de desejo para investidores e compradores. Estes que injetam dinheiro para elas ultrapassarem o valor mínimo para os negócios ganharem cidadania unicorniana e, assim, serem posteriormente vendidas com muito lucro. Não é o caso de todas, mas não estou sendo leviano de dizer que este é o objetivo da maioria delas.

Empreendedores não pensam em criar algo para ser vendido

Como startup significa começar algo, é razoável chamar qualquer empreendimento em fase de startup. E, para alguns, ser empreendedor é chique… Numa fase de insegurança, no começo de um negócio, até como você chama seu negócio pode impactar na sua disposição de dar certo.

Outra coisa é que como você busca investimento externo, então muitas vezes você nem tem a oportunidade de criar a cultura do seu negócio, desenhar o caminho dele.

Você terá que discutir isso com quem está apostando no seu negócio, este, normalmente, mais focado em crescer rapidamente. Você tem que aprender rapidamente a ser empresário.

Prova disso está no testemunho de Howard Liu, criador da startup Etacts, vendida para a gigante Salesforce:

Acabei tendo muita sorte em ter esse resultado financeiro que mudou minha vida”, diz ele. “Mas foi um fracasso no sentido de nunca termos realmente construído um negócio real, uma organização com sua própria cultura.

O objetivo de seus negócios dos empreendedores também é ganhar dinheiro, crescer, mas o objetivo do negócio ser a venda não é comum. Isso, como antecipei, porque empreendedorismo tem algo que o diferencia de outras formas de fazer negócios, o propósito.

Startupeiros buscam nichos ou enfoques inexplorados, são disruptores, buscam resolver de modo inovador uma angústia do mercado e têm foco na estrutura e no crescimento. Em contrapartida, empreendedores costumam optar por empreender em áreas que lhes dê prazer, em paixões, habilidades ou hobbies.

Que conquista é mais importante: dinheiro ou satisfação?

O dinheiro é sempre muito bem-vindo, mas a ressignificação da vida e do trabalho é tão importante quanto ele. Sei que estou num momento fofura, mas isso é incrivelmente real no empreendedorismo. Eu mesmo, que tendo a ser mais cético, mudei minha percepção com a convivência com empreendedores. Ainda tenho uns “investimentos” em startups, sei que é feio ter preferência entre filhos, mas no geral, elas não são minhas filhas prediletas.

Não sei se por ter vindo de uma infância com restrições, sou extremamente grato e feliz com o que eu e minha família conquistamos. E por conhecer os 2 lados, aprendi que a felicidade está na normalidade e que luxo é trabalhar de casa, no meu horário e quando quiser, parar tudo para passar tempo com minha família.

Quer a combinação perfeita? Ninguém é bom em tudo. Então, associe-se a pessoas com perfis complementares: organizados e criativos caóticos, artistas visionários e super vendedores, escritores e técnicos, sonhadores e céticos, ousados e precavidos. Esses times trabalham de forma curiosamente harmônica, desde que cada um de sua casa 😊. E trabalhar a distância só empreendedor consegue.

Aqui tratamos de empreendedorismo com foco em comércio do conhecimento. Assim, se você tiver esse perfil mais light, se buscar ser feliz no trabalho e for resiliente, suas chances aumentam muito no empreendedorismo.

Como saber se você deve ser empreendedor ou empresário?

Na cabeça do empreendedor há, mesmo que inconscientemente, um propósito, um desejo de mudança positiva, de agregar, de mudar vidas, tanto a própria como a dos outros (este último no caso dos empreendedores infoprodutores).

Hoje, podemos dizer que há 2 motivos básicos para empreender: a vontade e a necessidade.

Note que os 2 tipos de agentes, empreendedores e empresários melhoram significativamente seus negócios quando trazem as boas qualidades do outro tipo para seus negócios. Empreendedores de sucesso tendem a se tornar empresários.

Assim, se você:

  • Tem absoluta aversão ao risco, está capitalizado e consegue seguir regras, seja empresário, preferencialmente por meio de franquias.
  • É novo, tem uma ideia (muito, muito, muito) boa, tente uma startup.
  • Se não tem muita experiência em negócios, mas tem bom conhecimento de um assunto ou uma área, empreenda.
  • É novo, está entrando no mercado de trabalho, e está entre fazer um concurso e empreender: tente os dois.

O importante é sentir-se confortável no personagem que escolher.

Sou sócio de uma empresa, servidor público e empreendedor. O esquema abaixo resume os benefícios de cada.

 

Co-fundador da MarketingDigital.com.br, Alex Moraes é especialista em Marketing Digital. Após diversas conquistas na prestação de serviços na agência digital de seu irmão, o designer Anderson Moraes, mudou o foco da empresa, a Clicktime Marketing e Design, para a educação. A MarketingDigital.com.br é um hub de troca de informações, com muito conteúdo próprio e de parceiros, glossário, guia de prestadores de serviços (agências e profissionais), agenda de cursos e eventos e tudo mais que se refira a Marketing Digital.

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